Enquanto o mundo avança, Paulo Victor parece estar estacionado numa interminável fila celestial, esperando seu milagre jurídico. E que milagre, diga-se de passagem: livrar-se de acusações que fariam até o mais otimista dos santos franzir a testa. Sob os holofotes do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ele vê sua situação nas mãos do ministro Antonio Saldanha Palheiro, que, por sua vez, aguarda o oráculo moderno conhecido como PGR (Procuradoria-Geral da República).
A trama é impressionante. Paulo Victor, presidente da Câmara Municipal de São Luís, é acusado de liderar uma suposta organização criminosa que, ao que parece, dominou a arte de cooptar entidades sem fins lucrativos para simular a aplicação de recursos de emendas parlamentares. No entanto, um desembargador maranhense, com a precisão de um goleiro em final de campeonato, conseguiu barrar a investigação, “trancando” o caso.
A decisão, tomada pela Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Maranhão, não apenas paralisou a investigação como também levantou questões sobre as conexões entre a denúncia de Paulo Victor contra um membro do Ministério Público e o próprio processo. Um detalhe técnico que, convenientemente, suspendeu mandados de busca e apreensão, quebras de sigilo e outras medidas cautelares.
Agora, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, promete dar o próximo passo até fevereiro, analisando o recurso que pode reverter o arquivamento. Caso o ministro do STJ acolha o parecer da PGR, o Gaeco pode retomar a apuração e, com isso, medidas até então travadas poderão ser finalmente executadas.
Tudo isso, claro, enquanto Paulo Victor segue firme no cargo e até se reelegeu para mais dois anos no comando da Câmara Municipal. Nem mesmo uma denúncia de corrupção passiva foi capaz de dar oportunidade aos vereadores de moralizar a casa.
Resta saber se o milagre tão aguardado será da Justiça ou de outro desembargador disposto a preservar a tranquilidade do presidente da Câmara. Afinal, quando o assunto é política, os desfechos costumam ser tão surpreendentes quanto as acusações.