Faleceu em São Luís, na noite desta terça-feira (6), a cantora e compositora Maria do Socorro Silva, a lendária ‘Patativa’. Ela tinha 87 anos e, de acordo com informações de familiares, sofreu uma parada cardíaca por volta das 21:40 horas, em sua residência, localizada na Rua Castelinho, no bairro Vila Embratel.
Nos últimos anos, ‘Patativa’ enfrentava graves problemas de saúde: perdera a maior parte da visão por causa de catarata e sofria muito com Mal de Parkinson e dores no intestino. Em casa, ela tinha um apelido caseiro: “Dadinha”, e vivia sob os cuidados da filha Wanda e de seus netos e bisnetos.
Considerada uma das maiores artistas populares de São Luís, ‘Patativa’ integrou a equipe fundadora da Companhia Barrica e também foi integrante e seguidora do Boi da Madre Deus. Apenas aos 75 anos de idade é que ela teve a chance de gravar seu primeiro CD, que teve produção de Luiz Junior.
No meio artístico, ‘Patativa’ era considerada uma lenda viva. Ganhou fama no mundo do samba na fase em que, como ela mesma costumava dizer, “gostava de beber uma cana”. Cantava e fazia seus sambas em meio à boemia, principalmente na Feira da Praia Grande e no tradicional bairro da Madre Deus, onde conheceu Justo Santeiro, antigo artista plástico.
Foi ele que deu à cantora o apelido de Patativa (“essa mulher canta noite e dia”). Ela não gostou da brincadeira. Passou a chamá-lo de Amigo da Onça, um personagem da antiga revista “Cruzeiro”. E Maria do Socorro Silva, a maranhense que nasceu na região do Mearim, no dia 5 de outubro de 1937, na cidade de Pedreiras, virou Patativa para sempre.
Ela contava que, aos oito anos, mudou-se para São Luís, com o objetivo de estudar, passando a ser aluna semi-interna do Educandário Santo Antônio, situado no bairro Anil. Sua entrada no mundo do samba deu-se como acompanhante da Turma do Quinto, Cruzeiro e Fuzileiros da Fuzarca, sempre junto aos batuqueiros. Somente em 1980 é que ingressou como componente da Turma do Quinto, desfilando na ala das baianas, a convite do seu companheiro Vavá, amo do boi da Madre Deus e diretor de harmonia daquela escola de samba.
Quando se mudou para São Luís, passou a cantar em feiras. Estreou na indústria fonográfica com “Ninguém é Melhor do Que Eu”, lançado pela Saravá Discos. Patativa estimava que chegou a compor mais de uma centena de músicas, muitas das quais se perderam pela estrada.
Ela deu origem ao documentário ‘Xiri meu’, do diretor Tairo Lisboa. O curta-metragem, um dos 10 selecionados pelo edital do projeto São Luís nos 4 Cantos, foi lançado em janeiro de 2014. Patativa teve também participação no filme “Quilombos Maranhenses”, produzido em janeiro de 2004 pelo jornalista e cineasta Cláudio Farias.